terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Observação da Obra

O orgulho pela obra finalizada começa e termina nos olhos do autor.
Aquele que a cria, molda e finaliza cuidadosamente,
Passa a odiá-la e trata-a como lixo.
Esta não é a minha obra - ele diz,
Onde está a alegria que vendo?
Onde está a juventude da minha pele,
A virilidade do meu corpo
E as ideias brilhantes que cultivo em minha mente?
A obra é um reflexo no espelho, e este não é belo.
A beleza tornasse monstruosa quando reflete verdades que se tenta ocultar.
Mas, apesar de não adimitir, a imagem já lhe é conhecida.
Existe um mundo de complexidades por traz de toda genialidade,
E seus jardins não são floridos nem seu céu é azul.
Ali se escondem dores, fraquezas e gritos de lamentação.
Lá estão abandonadas todas as vergonhas e toda a liberdade de ser humano...
A beleza é apenas um artifício que faz esse mundo permanecer oculto,
Mas o autor sabe que não pode acreditar em suas próprias mentiras.
Ele sabe que a feiura que se projeta na obra é a sua própria feiura.
Observar a obra é ver-se construído pelas próprias mãos
E a exposição de seus segredos inquieta o artista.
Sua arte foi longe demais, disse demais ao observador.
Mas a obra e o autor não se separam, são uma substância homogênea.
Um é parte do outro e o outro tenta destruir a si mesmo.

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