terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Observação da Obra

O orgulho pela obra finalizada começa e termina nos olhos do autor.
Aquele que a cria, molda e finaliza cuidadosamente,
Passa a odiá-la e trata-a como lixo.
Esta não é a minha obra - ele diz,
Onde está a alegria que vendo?
Onde está a juventude da minha pele,
A virilidade do meu corpo
E as ideias brilhantes que cultivo em minha mente?
A obra é um reflexo no espelho, e este não é belo.
A beleza tornasse monstruosa quando reflete verdades que se tenta ocultar.
Mas, apesar de não adimitir, a imagem já lhe é conhecida.
Existe um mundo de complexidades por traz de toda genialidade,
E seus jardins não são floridos nem seu céu é azul.
Ali se escondem dores, fraquezas e gritos de lamentação.
Lá estão abandonadas todas as vergonhas e toda a liberdade de ser humano...
A beleza é apenas um artifício que faz esse mundo permanecer oculto,
Mas o autor sabe que não pode acreditar em suas próprias mentiras.
Ele sabe que a feiura que se projeta na obra é a sua própria feiura.
Observar a obra é ver-se construído pelas próprias mãos
E a exposição de seus segredos inquieta o artista.
Sua arte foi longe demais, disse demais ao observador.
Mas a obra e o autor não se separam, são uma substância homogênea.
Um é parte do outro e o outro tenta destruir a si mesmo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Meu Lugar

Preciso encontrar um lugar só meu.
Um lugar que não esteja no mapa,
Onde nenhum problema possa encontrar meu endereço.
Preciso de um lugar mais completo que Pasárgada
E menos distante que o céu.
Preciso de um lugar onde os gestos são harmônicos e suaves,
A confiança seja a mais rígida de todas as rochas,
Onde as consciências venham de grutas límpidas
E em que a alegria de viver nasça de uma fonte inesgotável.
Preciso de uma paisagem que me permita contemplar as obras do Criador
Sem a neblina causada pela dúvida.
Preciso ver a beleza para a qual fechei os meus olhos.
Preciso encontrar o lugar onde me escondi.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ansiedade

Ansiedade desenfreada, louca, desvairada
Me acorda, me aperta, me sufoca, me mata.
Dor que não sei de onde vem!!
Me tira a fome, me tira a paz, me tira a certeza.
Me traz medo, angústia e noites em claro.
Um pesadelo interminável
Onde borboletas presas no estômago não fugirão jamais
E ideias inquietantes borbulham na cabeça o dia todo!
Deito, levanto, fecho os olhos, penso em tudo, penso em nada...
Arrepio, tremo, grito, mas não choro...
Descontrolo, fujo, peço socorro mas desprezo qualquer ajuda...
Revejo conceitos e acabo chegando às mesmas velhas conclusões...
É como se o espírito já não coubesse mais nesse corpo.