terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Grande Mistério

Conhecimento... apenas crença
Crença... não-crença
Cristão... ateu
Ateu fraco... ateu forte
Agnosticismo
   teísta,
   ateísta,
   deísta.
Quantos nomes, meu Deus!
- Deus?

Bing-bang com pé e sem cabeça.
Jardim que ninguém nunca viu.
A razão não alcança.
O sobrenatural não se explica.
Afinal,
há alguém aí?
Durkheim, Kant,
Nietzsche, Feuerbach,
Schopenhauer,
Hume ou Spencer...
Alguém?

Seja pró ou seja contra,
quem prova?
Simples justificativa,
ou pura alienação,
grandes estudos científicos...
Mas é sim ou não?
A falta de evidências para a existência
justifica a não-existência?
A falta de fé
justifica a intolerância?

domingo, 13 de novembro de 2011

Era uma vez, uma boneca triste...


Era uma vez,
uma boneca guardada
jogada
no fundo de um baú.
Estava ali tão quietinha
pobrezinha
esquecida no escuro.
Mas ouviu-se um barulho
cadeado
destrancado
e o baú se abriu.
Alguém a pegou.
"Me solta!
me põem de volta!"
A boneca se amedrontou.
Mas a brincadeira começou
e ganhou abraços
laços
e um chá à mesa.
Correram para a janela
ver o dia
a alegria
de quem brincava lá fora.
Também viram o jardim
desabrochando em flores
graciosas
preguiçosas
brincando com a brisa.
Pentearam-lhe os cabelos
e colocaram vestidos
floridos
que a fizeram parecer nova.
Formou-se uma roda
e as meninas cantavam
parlandas
cirandas
para dançar.
Como brincar era bom!
ser beijada
abraçada
como era bom!
E, no final do dia,
tão cansada
foi deixada
novamente no baú.
Com o coraçãozinho em festa
a boneca deitou
sonhou
com tudo o que tinha acontecido.
De manhã, já estava ansiosa
esperando
imaginando
as novas músicas que iria cantar.
Mas o baú não se abriu naquele dia
nem no outro
nem no outro
e jamais se abriria.
As recordações ainda tinham
um gosto de bala
derretendo
estupendo
capricho de criança.
Mas chegava a hora de assumir
que muito tempo já havia
passado
passado
o que viveram.
O escuro voltou a ser
sua única companhia
que silencia
qualquer esperança.
A criança cresceu
e não quer mais brincar.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"Quem tem sorte é 'sortero'" - mesmo?

"Quem tem sorte é 'sortero'" me faz refletir:
Tem sorte quem está sozinho? Quem não tem que dar satisfação para ninguém, pode "pegar" quem bem entender, vestir a roupa que quiser, sair com os amigos, não ter datas para lembrar, não ter que sofrer com crises de ciúme, não ter que ceder para fazer a vontade do outro... não ter quem lave suas costas no banho, não ter quem abraçar na hora de dormir, não ter quem de um abraço quentinho quando está frio, não ter quem te de um presente mesmo sem data especial, não ter quem te faça cafuné quando está carente, não ter quem vá comprar um remédio quando você está doente, não ter quem ouça suas chatices quando seu humor não está lá aquelas coisas nem quem ria das bobagens que você faz ou fala?

Será que não é mais lógico (e justo) dizer que sorte mesmo é encontrar alguém especial entre os 7 BILHÕES de nós que perâmbula, corre e se tromba por aí? Sorte mesmo não é achar um companheiro quase perfeito (porque a perfeição não existe e a gente nem ao menos sabe descrever ao certo o que é realmente perfeito) que seja desses amores que duram pra sempre? Sorte não é ter alguém que te aceite assim, exatamente como você é, mesmo com esse montão de defeitos, com essas suas manias quase humanamente insuportáveis (e olha que talvez essa pessoa nem te amaria tanto se não fossem essas manias)? Sorte não é acordar com um beijinho que vai fazer o seu dia muito melhor? Sorte não é voltar pra casa sabendo que tem alguém esperando pra cuidar de você (e nem pense em atrasar 5 minutos sequer!)? Sorte não é ter alguém do seu lado gritando quando você gritar, chorando quando você chorar, rindo quando você rir e sendo forte quando você não for?

Quem tem sorte está é muito bem acompanhado... e FELIZ. A gente, os solteiros, tem é uma fome por liberdade, boa, mas que logo passa - e uma invejinha de quem está feliz junto.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vinte e Três

Hoje, vi no espelho olhos mais escuros
Em que o castanho esmaeceu-se em noite estrelada.
E quantas estrelas havia!
E vi dentro da escuridão
Uma mulher dançar...
Dançava de orgulho e de amor
Por si mesma
- mesmo estando tão cheia de perguntas.
Mas se o Poeta Passarinho* disse
Que "nenhuma pergunta demanda resposta",
Por que não encará-las como algo natural?
E naturalmente dançava.
Novamente, olhei no espelho
E vi que, além da mulher,
Havia uma menininha de seis anos
Que, assim como eu,
Também gostava de se observar no espelho
E perguntar
De onde veio,
Para que veio,
Quais são os significados,
Como encontrar os sinais...
E perguntava tanto
Que se perdia em meio às suas próprias dúvidas
Ao mesmo tempo em que percebia que ainda não sabia nada
E que, aos poucos, as respostas vêm
Carregadas nas costas do tempo.
Então fico eu como expectadora
Observando a menina perguntar
Enchendo o coração da mulher de vinte e três.

*Interrogações, de Mário Quintana.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Siga

Pare de se perguntar "por que?".
Pare de se lamentar pelo que passou.
O tempo não tem freios
Nem pena de atropelar os que param pelo caminho.
Você sempre pode reescrever sua história,
Mas as páginas anteriores não voltam
Nem podem ser apagadas.
Simplesmente siga,
Mesmo que nem saiba para onde.
A fé te levarará para os lugares onde você deverá estar
E te entregará exatamente aos braços a que você pertence.
Simplesmente siga,
Pois erro nenhum pode ser pior do que parar... esperar... e não agir.
Simplesmente siga!
Você já chegou tão longe.
(e se ainda não chegou, corra! está atrasado)
Você já passou por tantas dificuldades,
Sacudiu a poeira e está aí
Forte, inteiro.
Transforme essa energia potencial em movimento.
Transforme seus sonhos em realidade.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Para uma Menina Triste

Menina triste, para de chorar
E senta aqui no meu colo.
Não precisa se preocupar,
Deixa que eu cuido dos seus problemas.
Eu posso suportar.
Eu sou mais forte que você.
Se aquieta e deixa suas dores aqui.
Deixa o sono chegar,
Não tenha medo de descansar.
Não me dói onde te dói,
Então não vou te cobrar.
O tempo sopra a nosso favor
E você sabe que pode contar comigo.
Vai, enxuga logo essas lágrimas
E divide esse peso comigo.
Deixa suas dores aqui.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Velha na Janela

A casa verde
Com suas madeiras apodrecidas e paredes lascadas,
Está cansada mas ainda em pé.
E tão cansada está a senhora enrugada
Debruçada na janela.
A cidade corre depressa ao seu redor,
Os carros passam rápido,
As pessoas passam rápido,
Mas as horas dentro da casa insistem em passar devagar,
Enquanto a velha continua debruçada na janela
Observando os pombos que se aglomeram na calçada.
O rosto é sério,
Quase tão inanimado quanto os móveis da sala.
E a escuridão do cômodo só não é capaz
De apagar o branco reluzente dos cabelos despenteados
- há um pouco de solidão em cada fio.
Os movimentos são lentos mas a língua é esperta.
Pena que os ouvidos tornaram-se surdos para as suas histórias!
As mãos trêmulas não servem mais para o trabalho.
Pena que os olhos são cegos para o seu cansaço!
O tempo e o abandono,
Suas únicas companhias,
Levaram seus sonhos, as forças e a ambição,
Tiraram-lhe alguns entes queridos e alguns amores.
Enquanto que alguns compromissos de última hora
Assassinaram a esperança que não pode mais dizê-la
Que a vida não precisa terminar antes do seu tempo.
Que a última etapa da vida não precisa resumir-se a pombos vistos da janela.

domingo, 19 de junho de 2011

Praça Frei Baraúna










O prédio antigo,
O ruído da porta,
Os cachorros brincando,
A luz alaranjada,
O papo de comadres,
A calma de uma noite fresca,
A música confusa,
E meu estado de desconforto:
O corpo não se ajeita no banco
Como a alma não se ajeita no corpo.
Mais uma vez as coisas não vão bem
E mais uma vez eu me afasto de tudo.
Desvio da minha rotina
Como se isso também me desviasse dos problemas.
Eu só queria ser feliz e descansar,
Mas vivo no meio de uma tormenta
Com desventuras trazidas por todos os ventos.
Vivo tentando entender
Por que ainda não me adaptei a esse mundo.
E, enquanto não descubro,
Invejo a calma dessa praça.

sábado, 21 de maio de 2011

Palavras Apenas (?)

Dizem que um gesto vale mais do que mil palavras. Mas mil gestos não ferem como uma palavra dura, nem duram para sempre como uma palavra especial. Gestos são rapidamente atropelados pelo tempo, as palavras não!
As palavras são poderosas o suficiente para alterar o curso das coisas, para te fazer seguir um caminho por ouví-las ou deixar de escolher outro porque elas não vieram como você gostaria. Palavras são uma barragem capaz de conter qualquer correnteza, desde que bem arquitetadas.
As palavras matam medos, amores e certezas ao mesmo tempo em que curam feridas e fazem nascer coragem e esperança do impossível.
Palavras podem melhorar mil vezes o seu dia ou simplesmente destruí-lo. E não há como fugir.
Palavras podem acalmar a mais feroz de todas as feras ou fazer um anjo perder a cabeça.
Palavras não são apenas palavras. Elas são as brechas que nossa imaginação procura para encontrar respostas - sejam elas equivocadas ou não.
Certas palavras nos fazem acreditar que somos especiais, exceções à regra. Enquanto que a sua ausência nos prova, por A + B, que não significamos nada além de um produto com prazo de validade expirado.
E cuidado com as palavras falsas! Elas se dissipam no ar logo após serem proferidas, restando ao receptor o preço por eternizá-las em sua alma. Alguns esperam uma vida toda para ouvir uma ou duas palavras, outros as distribuem inconsequentemente sem nem ao menos saber o que elas realmente significam.
Que palavras você gostaria de ouvir hoje?
Que palavras você nunca deveria ter dito?
Que palavras, ouvidas há anos, ainda continuam vivas e pulsantes na sua memória?
Que palavras você nunca disse, mas deveria ter dito?
Palavras não são apenas palavras...

sábado, 7 de maio de 2011

domingo, 20 de março de 2011

A Depressão de Domingo

Não aguento mais a escuridão desse quarto
Não aguento mais as crianças brincando na rua
E o cachorro latindo no portão
E as festas do vizinho
E os programas na TV
E as minhas músicas favoritas


Os melhores amigos parecem tão chatos hoje
E quando não me abandonam aqui sozinha
Falam sempre sobre os mesmos assuntos
E eu penso sempre sobre os mesmos problemas


Não aguento mais a rotina infinita dos domingos
E essas paredes brancas e manchadas só servem pra me lembrar
Que tem um mundo de cores e aromas lá fora
Mas a preguiça não me deixa sair dessa cama desconfortável
Mas se nem mesmo o sol quis sair hoje
Por que não vou continuar aqui reclamando que a segunda já vem?

quinta-feira, 17 de março de 2011

Às Pessoas Que Eu Mais Amo

As pessoas que eu mais amo são aquelas em que eu menos penso. Tornei-as parte da minha rotina e estar junto à elas, felizmente, não é mais uma novidade.
As pessoas que eu mais amo são aquelas que mais aturam o meu mau humor - mesmo sem merecer, pois eu sei que elas me aceitam do jeito que sou. Fico à vontade em sua presença e não preciso vestir minhas máscaras.
As pessoas que eu mais amo não são cobradas para me provar seu afeto. Apenas com um olhar ou um abraço somos capazes de dizer tudo o que sentimos e não existe dúvida alguma de que esse sentimento é verdadeiro e recíproco.
As pessoas que eu mais amo são aquelas que menos ouvem minhas palavras de carinho, pois conhecem meus mistérios e minhas limitações. Assim, sabem que dou mais importância às ações do que à frases ditas da boca para fora.
As pessoas que eu mais amo sabem o quanto posso ser dura em uma crítica, mas jamais deixam de valorizar a minha opinião, pois sabem que esta é sincera e sempre se preocupa em apontar o melhor caminho.
As pessoas que eu mais amo são aquelas que me atormentam e me fazem perder o sono, porque a sua dor é a minha dor e suas conquistas são as minhas conquistas. Elas têm toda a certeza que pode existir nesse mundo que, seja para o que for e quando for, podem contar comigo. E, por isso, as pessoas que eu mais amo estão sempre ao meu lado mesmo quando eu não peço, me apoiando ou me fazendo de seu apoio.
As pessoas que eu mais amo não são meros seres humanos que entraram na minha vida por acaso. Deus escolheu minuciosamente a cada uma delas, em um estudo de tempo e espaço, e me presenteou com sua companhia sempre nos momentos mais oportunos. Cada dia ao lado das pessoas que mais amo é uma aula para a minha vida toda. Certamente, posso dizer que sou um mosaico com partes de cada uma delas e, por isso, não posso me separar daqueles que são um pouco do meu ser e do meu existir.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Observação da Obra

O orgulho pela obra finalizada começa e termina nos olhos do autor.
Aquele que a cria, molda e finaliza cuidadosamente,
Passa a odiá-la e trata-a como lixo.
Esta não é a minha obra - ele diz,
Onde está a alegria que vendo?
Onde está a juventude da minha pele,
A virilidade do meu corpo
E as ideias brilhantes que cultivo em minha mente?
A obra é um reflexo no espelho, e este não é belo.
A beleza tornasse monstruosa quando reflete verdades que se tenta ocultar.
Mas, apesar de não adimitir, a imagem já lhe é conhecida.
Existe um mundo de complexidades por traz de toda genialidade,
E seus jardins não são floridos nem seu céu é azul.
Ali se escondem dores, fraquezas e gritos de lamentação.
Lá estão abandonadas todas as vergonhas e toda a liberdade de ser humano...
A beleza é apenas um artifício que faz esse mundo permanecer oculto,
Mas o autor sabe que não pode acreditar em suas próprias mentiras.
Ele sabe que a feiura que se projeta na obra é a sua própria feiura.
Observar a obra é ver-se construído pelas próprias mãos
E a exposição de seus segredos inquieta o artista.
Sua arte foi longe demais, disse demais ao observador.
Mas a obra e o autor não se separam, são uma substância homogênea.
Um é parte do outro e o outro tenta destruir a si mesmo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Meu Lugar

Preciso encontrar um lugar só meu.
Um lugar que não esteja no mapa,
Onde nenhum problema possa encontrar meu endereço.
Preciso de um lugar mais completo que Pasárgada
E menos distante que o céu.
Preciso de um lugar onde os gestos são harmônicos e suaves,
A confiança seja a mais rígida de todas as rochas,
Onde as consciências venham de grutas límpidas
E em que a alegria de viver nasça de uma fonte inesgotável.
Preciso de uma paisagem que me permita contemplar as obras do Criador
Sem a neblina causada pela dúvida.
Preciso ver a beleza para a qual fechei os meus olhos.
Preciso encontrar o lugar onde me escondi.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ansiedade

Ansiedade desenfreada, louca, desvairada
Me acorda, me aperta, me sufoca, me mata.
Dor que não sei de onde vem!!
Me tira a fome, me tira a paz, me tira a certeza.
Me traz medo, angústia e noites em claro.
Um pesadelo interminável
Onde borboletas presas no estômago não fugirão jamais
E ideias inquietantes borbulham na cabeça o dia todo!
Deito, levanto, fecho os olhos, penso em tudo, penso em nada...
Arrepio, tremo, grito, mas não choro...
Descontrolo, fujo, peço socorro mas desprezo qualquer ajuda...
Revejo conceitos e acabo chegando às mesmas velhas conclusões...
É como se o espírito já não coubesse mais nesse corpo.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Órfã

Existe um pedaço de mim que já morreu
Mas continua doendo.
E eu não sei por quantas noites mais
Eu continuarei suplicando a Deus que seja apenas um pesadelo.
Infelizmene, algumas coisas não podemos mudar nem apagar
Mas a vida sempre continua
E não se importa em atropelar àqueles que não conseguem se levantar.
Eu descobri que sonhadores não têm tempo para reclamar!
E por isso tenho buscado uma força quase que instintiva para suportar sua perda.
Mas você carregou um pedaço da minha história quando virou as costas
E fez sem se importar o quanto isso era importante pra mim.
Por que você fez isso se eu te amava tanto?
Por que me traiu assim? Não fiz o suficiente para você?
Ainda sou sua criança - que agora suplica para você voltar!
Prometo não me importar com o que passou.
Perdoarei seu abandono e tudo será como antes!
Traga-me seu abraço de volta, por favor!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A inspiração voltou...

Talvez, o artista que adormeceu em mim
Precisasse de novos estímulos para acordar.
Por isso, enquanto ele dormia,
O mundo caía à minha volta.
Guerras terminavam e recomeçavam dentro de mim.
Mas ele precisava que todos os muros fossem destruídos
E todas as portas fossem abertas
Para encontrar um mundo mágico novamente.
Agora, a voz do coração faz sentido
E os olhos podem ver as coisas
Com beleza e significado muito maiores
Do que elas aparentam ter.
Seja bem-vindo ao seu velho lar!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Um sentimento de vazio qualquer

Quando olho para dentro,
Vejo um palco sem atores
E uma peça sem plateia.
O teatro está pronto
E os ingressos esgotados.
Mas ainda não há roteiro...
Quero ver de novo um espetáculo que ainda não aconteceu.