uma boneca guardada
jogada
no fundo de um baú.
Estava ali tão quietinha
pobrezinha
esquecida no escuro.
Mas ouviu-se um barulho
cadeado
destrancado
e o baú se abriu.
Alguém a pegou.
"Me solta!
me põem de volta!"
A boneca se amedrontou.
Mas a brincadeira começou
e ganhou abraços
laços
e um chá à mesa.
Correram para a janela
ver o dia
a alegria
de quem brincava lá fora.
Também viram o jardim
desabrochando em flores
graciosas
preguiçosas
brincando com a brisa.
Pentearam-lhe os cabelos
e colocaram vestidos
floridos
que a fizeram parecer nova.
Formou-se uma roda
e as meninas cantavam
parlandas
cirandas
para dançar.
Como brincar era bom!
ser beijada
abraçada
como era bom!
E, no final do dia,
tão cansada
foi deixada
novamente no baú.
Com o coraçãozinho em festa
a boneca deitou
sonhou
com tudo o que tinha acontecido.
De manhã, já estava ansiosa
esperando
imaginando
as novas músicas que iria cantar.
Mas o baú não se abriu naquele dia
nem no outro
nem no outro
e jamais se abriria.
As recordações ainda tinham
um gosto de bala
derretendo
estupendo
capricho de criança.
Mas chegava a hora de assumir
que muito tempo já havia
passado
passado
o que viveram.
O escuro voltou a ser
sua única companhia
que silencia
qualquer esperança.
A criança cresceu
e não quer mais brincar.
As recordações ainda tinham
ResponderExcluirum gosto de bala...
...A criança cresceu
e não quer mais brincar.
Esse pequeno trechinho lindo que destaquei, levou-me às lágrimas. Exatamente no momento em que você escrevia mais essa pérola rara, meu mundo caia. E desse momento também passei a escrever. Dizem que basta o homem estar só em um pós casamento para virar filósofo, para se dar a escrever... assim me faço humilde e abusado a escrever minhas lágrimas, muitas e muitas vezes, desde 13 de novembro de 2.011.
Mais uma vez venho aqui reafirmar minha admiração por seu trabalho. Sucesso.